Café com açúcar, por favor
E sem opinião não solicitada também.
Tem gente que toma café sem açúcar e me passa a sensação de que se sente moralmente superior por isso.
Como se o paladar amargo fosse um certificado de inteligência ou evolução espiritual.
Mas deixa eu contar uma coisa: você apenas toma um café preto e puro. Nada mais.
E eu não sou menos nada porque o meu tem açúcar (e às vezes até chantilly, canela e um afago de baunilha… Por que não?).
Cada um toma o que quiser.
E mais importante: como quiser. Com açúcar, sem açúcar, com afeto ou puro ódio matinal — cada xícara é um universo particular.
Acho que esse hábito de se meter na forma como o outro bebe o próprio café diz muito sobre a gente.
Sobre como ainda temos dificuldade em deixar o outro ser.
Sobre como confundimos opinião com convite pra julgar.
E não, isso não vale só pro café.
Vale para o vinho que você escolhe, pra roupa que você usa, pro jeito que você dança, pro que você posta, pra vida que você vive.
Então sim: eu gosto de café doce.
E talvez esse texto nem seja sobre café.
É sobre liberdade.
Sobre a doçura de poder ser quem a gente é, sem que alguém tente colocar amargor à força no nosso gosto de viver.
Viva o café ao seu modo, seja ele qual for.
Tina
Tomando um delicioso café adoçado à sua própria medida.